DOMINGO DE RAMOS
"Domingo. Ontem choveu: Não têm os ramos, hoje, inda um brilho trêmulo e um respingo?Oh! que manhã!Vamos à missa! Vamos?A hora é cristã:Hoje é Dia de Ramos,domingo.Choveu, e eis a atmosfera mais sonora:e inda nas folhas sente-se um balanço.Mas que ar! Tão claro! Até parece agora que andam nele anjos... pois é um anjo a aurora, afianço! Vamos à missa. É linda, na colina,a alva igreja em caliça!É lá: estão vendo?E oiço o sino! A caminho entre a campina! A caminho!... Oh o sino ao longe! É uma surdina, plangendo! E ei-nos no templo! "Entrai!" -diz essa imagem -"cantai e orai!" E eu (certo que a Deus prezo) mas... fico à porta: adoro-O na paisagem. Fico: é sonhando ao sol, como um selvagem, que rezo. Que val! Que céu, além!... E as andorinhas vieram também! Cá estão em bando errando:vieram também...Trinam as avezinhas (diling! dlém!) ou são as campainhas tocando?! Eram as campainhas: rezam a "Ave". Como parece a nave uma floresta,assim cheia de folhas, verde e grave, banhada em sombras, a silente nave em festa! Acabou-se. As mulheres e as crianças com os homens saem em ledo sobressalto,e erguem as palmas - as verdinhas franças -e erguem - num gesto doce -as esperanças ao alto! E no alto, no alto é de ouro o panorama! O Santo-Espírito-do-Sol luzindo nos manda, como a apóstolos de fama, as línguas evangélicas da chama. Sol lindo. Nesta manhã de fantasmagoria- oh palmas do domingo-santo, oh palmas-floristes uma flor de alegoria: é a flor cujo perfume dá alegria às almas!" Do livro "Carrilhões" (1917) de Murilo Araujo.
"Domingo. Ontem choveu: Não têm os ramos, hoje, inda um brilho trêmulo e um respingo?Oh! que manhã!Vamos à missa! Vamos?A hora é cristã:Hoje é Dia de Ramos,domingo.Choveu, e eis a atmosfera mais sonora:e inda nas folhas sente-se um balanço.Mas que ar! Tão claro! Até parece agora que andam nele anjos... pois é um anjo a aurora, afianço! Vamos à missa. É linda, na colina,a alva igreja em caliça!É lá: estão vendo?E oiço o sino! A caminho entre a campina! A caminho!... Oh o sino ao longe! É uma surdina, plangendo! E ei-nos no templo! "Entrai!" -diz essa imagem -"cantai e orai!" E eu (certo que a Deus prezo) mas... fico à porta: adoro-O na paisagem. Fico: é sonhando ao sol, como um selvagem, que rezo. Que val! Que céu, além!... E as andorinhas vieram também! Cá estão em bando errando:vieram também...Trinam as avezinhas (diling! dlém!) ou são as campainhas tocando?! Eram as campainhas: rezam a "Ave". Como parece a nave uma floresta,assim cheia de folhas, verde e grave, banhada em sombras, a silente nave em festa! Acabou-se. As mulheres e as crianças com os homens saem em ledo sobressalto,e erguem as palmas - as verdinhas franças -e erguem - num gesto doce -as esperanças ao alto! E no alto, no alto é de ouro o panorama! O Santo-Espírito-do-Sol luzindo nos manda, como a apóstolos de fama, as línguas evangélicas da chama. Sol lindo. Nesta manhã de fantasmagoria- oh palmas do domingo-santo, oh palmas-floristes uma flor de alegoria: é a flor cujo perfume dá alegria às almas!" Do livro "Carrilhões" (1917) de Murilo Araujo.
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